Eu sempre que posso conto essa história.Talvez você saiba, talvez não, mas o fato é que venho de uma família muito humilde, mas que sempre apostou tudo na educação.
Pra você ter uma ideia eu comecei o meu técnico de enfermagem já aos 14 anos de idade. Meu pai, com muito, mas muito esforço, pagava meus estudos.
Um ano depois do técnico, eu já começava minha graduação em enfermagem.
Nessa época eu trabalhava como vendedora de roupa. O salário era bem baixo, mas ajudava com as contas.
Logo depois, não sei se por sorte ou merecimento, eu consegui um estágio remunerado já como acadêmica de enfermagem. Eu recebia em torno de R$ 200,00 por esse trabalho.
Aos 21 anos eu concluo a Graduação em Enfermagem e imediatamente assumo a parte técnica de uma clínica de diálise. Essa clínica ficava num bairro da zona norte do Rio chamado Olaria.
Dali, vou atuar em dois CTIs. Era tudo bem intenso.
A gente trabalhava lidando com a morte todo santo dia e a dor das famílias.
Foi uma fase muito importante de aprendizado, mas de muita dor e sofrimento também. Ônus e bônus...
Toda essa história acontece dos meus 14 aos 21 anos, quando em meados de 2010 eu presto um concurso e me torno funcionária pública da rede municipal de Nova Iguaçu, uma cidade da baixada do Rio de Janeiro.
No meio disso tudo, eu me caso, me torno mãe da Laura e da Júlia e me separo.
Como enfermeira da rede pública, posso dizer que fui feliz, apenas no comecinho da carreira.
Logo depois, eu vi o peso que era tudo isso. Eu me via exausta dos plantões intermináveis, exausta de ficar longe das minhas filhas, exausta de dormir fora de casa e exausta de praticamente não ter vida.
Foi nessa fase de extrema exaustão, frustração e tristeza, que me conectei com a estética. E aí, um mundo novo se abriu pra mim.
Foi aí que comecei a estudar e em pouco tempo eu estava atendendo, toda feliz, nos fundos de uma clínica de uma amiga.
Ela me emprestou o lugar e comecei ali mesmo. Comecei com o que tinha. Quase do nada.
O tempo passou, as coisas mudaram e hoje tenho a minha clínica na Barra da Tijuca, um bairro nobre aqui do Rio de Janeiro. Hoje vivo uma vida próspera pra mim e pra minhas filhas.
Durante essa mudança radical de vida, dos plantões sofríveis e das noites sem dormir, até hoje, vivendo do que me faz realmente feliz, notei que eu poderia ajudar meus colegas de profissão e outros profissionais que desejam mudar de vida.
Senti uma vontade incontrolável de ensinar o que eu sei, pra que você ao menos, abra seus olhos e veja que há vida além dos plantões e salários baixos.
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